MARKETING DOS PRODUTOS COSMÉTICOS

Procure um produto cosmético qualquer em sua casa. Tente ler a sua composição. Provavelmente não entenderá muita coisa, mas dentre as substâncias listadas será possível encontrar compostos comprovadamente cancerígenos. Substância que causam reação alérgica e outras toxinas também será comum.
Para piorar, não temos ideia da concentração de cada substância, e é possível que nem tudo esteja listado. É comum o argumento de que estando em baixa concentração, estas substâncias químicas não causam mal. Mas e se eles forem de uso diário? Muitas vezes ainda, associados ao uso de outros produtos?
RAIO-X
Em 2013, pesquisadores do Laboratório Innovare de Biomarcadores, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, desenvolveram e aplicaram um método para analisar a composição química de cométicos. E descobriram alguns dados interessantes.
Em esmaltes, encontraram SUDAM III, potencialmente cancerígeno. É comum nas mais famosas marcas, com ação corante.
Em batons, verificaram alterações estruturais antes do prazo previsto de validade. Além disso, não apresentavam algumas das substâncias contidas no rótulo.
Em lápis de oho vencidos, encontraram substâncias que além de alérgicas, eram propícias ao desenvolvimento de bactérias.
Mas isso não é novidade. Na Univesidade de Minas Gerais, foi descoberto que de 22 marcas de batom analisadas, apenas uma não continha chumbo.
É comum ainda, encontrar metais como cromo, manganês, titânio e alumínio em cosméticos. Em xampus e protetores solares, cancerígenos são quase uma regra. O assunto originou a criação da ONG "Campaign for Safe Cosmetics"(http://safecosmetics.org/). A ONG destina-se a conscientizar as pessoas e busca a retirada de produtos comprovadamente tóxicos.
Por isso que só uso orgânicos
As denominações orgânico, natural e muitas outras não tem significado algum. Qualquer empresa pode colocar essas expressões de maneira destacada com o objetivo de enganar seus consumidores. Também não é incomum encontrar uma empresa que diz doar parte do lucro a instituições de combate ao câncer, quando na verdade vende xampus cancerígenos. Ás vezes o próprio nome da marca busca enganar, como vemos no exemplo da Herbalife.
NANOTECNOLOGIA
Nanotecnologia é uma tecnologia que busca lidar com nanopartículas (qualquer coisa com um tamanho entre 1 e 100nm). É bastante recente, mas já apresenta inúmeras aplicações na área cosmética. Sua finalidade é a manipulação das nanopartículas de maneira a fornecer estabilidade à estrutura química de produtos, muitas vezes através da encapsulação. L'Oreal e Boticário são algumas das marcas que utilizam da nanotecnologia.
Essas alterações estruturais podem transformar inofensivos extratos de plantas em toxinas. Sabe-se, por exemplo, que nanotubos de carbonos são capazes de atravessar membranas celulares e até destruí-las. Como seu uso é diversificado, é difícil saber que efeitos as estruturas modificadas podem ter no organismo. Ainda não há qualquer tipo de regulamentação.
Para finalizar
A produção de cosméticos tóxicos não afeta apenas o consumidor. Os trabalhadores dessas indústrias também são expostos a tais substâncias, e o ambiente ao redor é destruído. É possível, sim, pesquisar quais marcas são confiáveis. Entretanto, para uma maior efetividade, é preciso abolir a venda desses produtos. A Anvisa é responsável por isso, mas como mostraram os pesquisadores da Unicamp mencionados anteriormente, sua atuação não é o suficiente.
FONTES
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252013000300011&script=sci_arttext
http://safecosmetics.org/
http://www.unicamp.br/unicamp/ju/560/metodologia-detecta-riscosa-saude-em-produtos-de-beleza
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252013000300011&script=sci_arttext
http://safecosmetics.org/
http://www.unicamp.br/unicamp/ju/560/metodologia-detecta-riscosa-saude-em-produtos-de-beleza